Para driblar a inflação, vidreiros iniciam luta por aumento real nos salários

Neste ano, a Campanha Salarial da categoria no Estado de São Paulo terá início em 1º de setembro; antecipação ocorre por conta da Copa do Mundo

Campanha Salarial 2022

A Campanha Salarial do Sindicato dos Vidreiros de São Paulo terá início mais cedo neste ano. A luta por reajuste salarial e trabalho decente começa em setembro com assembleias nas portas das principais fábricas do setor. A data-base da categoria é em dezembro, mas por conta da Copa do Mundo, que será no fim do ano e irá alterar horários e rotinas em algumas empresas, a negociação junto aos empresários foi antecipada.

A luta por uma Convenção Coletiva forte é importante, pois é ela que orienta e assegura os direitos da categoria ao longo do ano. O documento da categoria vidreira, composto por 68 cláusulas, inclui o reajuste salarial, os benefícios e as formas de relacionamento entre a empresa e o conjunto dos trabalhadores.

Em 2022, com o aumento do custo de vida, o foco será a luta por um aumento de salário que garanta o mínimo de dignidade. Tá tudo caro e os trabalhadores e as trabalhadoras estão usando até cartão de crédito para parcelar a comida, enquanto que as empresas apresentam cada vez mais lucros.

Fiquem atentos e atentas às convocações do Sindicato e participem das assembleias na porta da sua fábrica. Quanto mais unida e forte estiver a categoria, mais direitos serão conquistados durante as negociações com o sindicato dos patrões! Bora pra luta!

Empresas do setor só lucraram

Segundo informações da ABRAVIDRO (Associação Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vidro Plano), o faturamento das empresas de vidros subiu 21,5% com relação ao ano de 2020. Os empresários também demonstraram otimismo com relação ao aumento das receitas: 61% manifestaram uma expectativa positiva de aumento de rendimentos para o ano de 2022.

O emprego nacional do vidro também apresentou aumento, de 3,5%. Em São Paulo, há tendência contínua de aumento. O emprego do segmento paulista chegou ao total de 54 mil trabalhadores entre vidreiros e ceramistas.

Diante deste cenário, é necessário que os ganhos da produção sejam compartilhados com os trabalhadores vidreiros. Por meio dos balanços positivos das empresas, sabemos que a maioria delas tem capacidade de entregar reposições salariais e até ganhos reais salariais à categoria.

Inflação

Apesar do momento de bonança aos patrões, o salário do trabalhador e da trabalhadora desvalorizou nos últimos anos. Muitos estão se endividando para poder garantir a alimentação e pagar contas como as de aluguel, água, luz, gás e internet.

A inflação acumulada em 12 meses teve considerável flutuação. Em abril deste ano, chegou ao patamar de 12,5% medido pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do IBGE, que aponta a média de preços de itens básicos de consumo. O índice acumulado de julho de 2022 está em 10,12%.

Os preços de alimentos têm sido os responsáveis pela maior parte da alta da inflação. A alimentação, em geral, subiu 14,6% nos últimos 12 meses, o que tem prejudicado a manutenção básica das famílias.

De acordo com dados do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a cesta básica em São Paulo subiu 19% nos últimos 12 meses. As frutas e legumes têm apresentado a maior subida. O mamão, por exemplo, dobrou de preço no período e o melão subiu 84% em média. Cebola, batata e leite tiveram aumento de cerca de 70% em 12 meses.

Os aumentos consecutivos nos preços da alimentação deixam o povo de menor renda com dificuldades de manter o padrão de comida, aumentando o cenário de fome e de insegurança alimentar. Os alimentos têm subido acima dos preços do resto da economia e os salários não acompanham isso, fazendo com que as pessoas troquem marcas de produtos pelas de menor valor ou deixem de consumir o que pesa mais no bolso. Carne, por exemplo, virou alimento de luxo ou para os dias de festa.

Nas últimas semanas, o governo fez uma forte intervenção na agenda econômica do país, forçando a queda de preços (que antes dizia não ser possível) e criando uma falsa sensação de melhora. Mas não se engane! Passando as eleições, a depender da escolha da população, tudo voltará ao preço de antes.

*Com informações da Subseção do DIEESE na Federação dos trabalhadores do Ramo Químicos da CUT no Estado de São Paulo.