Processo de escolha dos representantes, realizado em setembro, teve muitos indícios de fraude e, por isso, o resultado não é reconhecido pelos funcionários da empresa e nem pelo Sindicato
Na manhã desta sexta-feira, 18 de novembro, o Sindicato dos Vidreiros no Estado de São Paulo realizou nova assembleia na porta da AGC Vidros, em Guaratinguetá (SP), para consultar os trabalhadores e as trabalhadoras sobre o resultado da eleição da CIPA realizado pela empresa em setembro.
De forma unânime, os participantes decidiram, mais uma vez, não reconhecer o processo eleitoral, realizado sob suspeitas de muitas fraudes.
Nas últimas semanas, o Departamento Jurídico do Sindicato tentou dialogar com a empresa, de forma amigável, para que uma nova eleição fosse realizada. Mas a direção da empresa insiste em não reconhecer os erros.
Diante disso, o Sindicato entrou com ação no Ministério do Trabalho para mediar a situação. A assembleia desta sexta foi para a confirmação do apoio da categoria ao pedido de impugnação.
ENTENDA
Realizada em 15 de setembro, a eleição da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) para escolher os novos representantes da gestão 2022/2023 na AGC apresentaram problemas logo no início do processo.
Conforme a cláusula 61 da CCT (Convenção Coletiva de Trabalho), o Sindicato representante da categoria precisa ser informado com antecedência sobre todo o processo eleitoral, com dados constando a data da votação e os nomes dos trabalhadores que irão concorrer. Mas isso não foi feito pela empresa.
Além disso, é comum que as eleições da CIPA sejam realizadas em períodos de três dias, de forma a garantir a participação de todos os trabalhadores – considerando que alguns estão de folga ou em escala 6x2. Na AGC, a eleição foi de apenas um dia.
Já na data da votação, a suspeita manipulação foi percebida ainda no turno da manhã, quando um dos candidatos compareceu para votar e viu que na cédula estava errado o nome do setor onde ele trabalha. Às pressas, a Comissão Eleitoral paralisou a votação naquele horário e, sem prévia comunicação com o Sindicato, decidiu seguir com a eleição no período da tarde e remarcou para o dia seguinte, 16 de setembro, a do turno da manhã.
Já no turno da tarde, o nome e o setor do candidato que havia reclamado foram corrigidos, mas na nova cédula veio outro erro: desta vez, um outro candidato teve a foto trocada na cédula de voto. Mas, nesse caso, a Comissão Eleitoral decidiu continuar com o pleito mesmo sob protestos.
Outra grande falha aconteceu com as listas de presença, documento que os eleitores devem assinar antes e depois de depositar o voto na urna. Muitas pessoas relataram não ter assinado a lista, impedindo a conferência dos resultados com o número real de participantes.
Por fim, no momento da apuração, como era de se esperar, os dois candidatos prejudicados não receberam votos suficientes para compor a nova gestão da CIPA.