Trabalhadores da América Latina discutem os impactos da tecnologia sobre a indústria do vidro

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Um grupo de trabalhadores de Sindicatos de trabalhadores da indústria vidreira da América Latina e Caribe se reuniu virtualmente, em 5 de maio, para discutir a situação do setor. Os participantes perguntaram sobre a implementação da nova tecnologia Magma, sobre a descarbonização e seu impacto nos trabalhadores. O Sindicato dos Vidreiros e das Vidreiras no Estado de São Paulo foi representado pelo diretor Josemar Souto, o Carioca, e a CNQ-CUT pela companheira Ivonete Pereira Cesar.

O diretor do setor de Vidros da IndustriALL Global Union (federação global de sindicatos), Alexander Ivanou, falou sobre a situação do setor em nível global. Ele explicou que as 10 principais empresas do setor vidreiro tiveram boas vendas e faturamento, um indicativo de que o presente e o futuro da indústria mundial continuam positivos.

Ele disse que os preços das licenças de carvão continuam subindo na Europa. Isso significa que a indústria do vidro está sob forte pressão para reduzir suas emissões de dióxido de carbono, caso contrário os investimentos serão muito caros. Ele mencionou que a Agência Internacional de Energia (AIE, na sigla em inglês) percebe uma queda na demanda por combustíveis fósseis que não havia sido observada no passado.

Alexander assegurou que, de acordo com diferentes investigações científicas, a indústria vidreira tem possibilidades de descarbonização, a partir do aumento da energia elétrica utilizada para a fusão do vidro, pelo uso da combustão do hidrogênio e também por um melhor projeto dos fornos.

Caso a disponibilidade de energia elétrica e hidrogênio não possa ser garantida, ele explicou que os sistemas combinados de recuperação termoquímica de calor e pré-aquecimento do casco são favoráveis ​​devido à sua alta eficiência.

O dirigente destacou que não é possível saber antecipadamente todas as consequências dessas transformações para os trabalhadores e as trabalhadoras da indústria vidreira, ressaltando ser importante que os desafios existentes (como a saúde e segurança, a pressão nos turnos de trabalho, a introdução de trabalho precário e emergentes) sejam discutidos em conjunto entre empresa, governos e a forte participação dos sindicatos.

Por isso, Alexander explicou que o IndustriALL busca uma transição justa. “Queremos que as transformações da indústria do vidro levem em consideração as vozes dos trabalhadores e seu futuro. Temos que apoiar nossos membros em sua transição para novos empregos. Exigimos a promoção do diálogo social e estratégias econômicas viáveis ​​que levem ao desenvolvimento sustentável”.

Por sua vez, os trabalhadores colombianos falaram sobre a introdução de fornos da tecnologia Magma (Modular Advanced Glass Manufacturing) nas empresas do país e o risco de interromper a produção, já que cada grande empresa poderia instalar um e isso os deixaria desempregados. Os fornos Magma são uma nova geração de fornos de vidro de baixa capacidade, entre 120 a 150 toneladas, que as empresas descrevem como um avanço tecnológico permitindo, por exemplo, linhas de produção menores, com um quarto de uma fábrica convencional.

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Os trabalhadores do Brasil enfatizaram que a empresa Owens Illinois também está investindo no projeto do forno Magma para atender à demanda dos clientes de reduzir drasticamente as emissões de carbono. Da mesma forma, os trabalhadores no Peru indicaram que, embora a planta local da Owens Illinois planejasse construir três fornos Magma, a empresa instalou apenas um.

Os peruanos compartilharam que, na última negociação coletiva, a empresa informou que a vida média da planta será até o final de 2024, e que mais de 90% do pessoal será transferido para trabalhar com o novo forno. Eles enfatizaram que os trabalhadores e as trabalhadoras aspiram negociar uma transição justa.

Por fim, os participantes dos diversos países reforçaram a importância de fazer parte das redes regionais de Sindicatos por empresa (como a Owens Illinois, por exemplo) para ter informações que possam utilizar nas negociações coletivas e obter melhores benefícios em cada país.

Por sua vez, o secretário-regional adjunto da IndustriALL e chefe do setor de Vidros em nível regional, Cristian Alejandro Valerio, concluiu: “Parabenizamos as entidades regionais pela participação e comprometimento nas reuniões dos vidreiros. Este setor faz parte das cadeias de abastecimento de quase todos os outros setores da indústria. Continuaremos trabalhando na unidade regional do setor, no aumento do poder de barganha de nossas filiadas e na formação de redes sindicais pelas empresas do setor.”

Texto traduzido de publicação do site da IndustriALL Global Union

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