"Não negociamos retirada de direitos", diz presidente da CUT

Em coletiva antes do ato na Avenida Paulista nesta sexta-feira (10), os mais de 60 movimentos que compõem as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo falaram sobre os riscos do golpe em curso no Brasil e o que isso representa na retirada de direitos trabalhistas e sociais conquistados principalmente nos últimos 13 anos, nos governos Lula e Dilma.

 

Os principais representantes das entidades alertam que caso o governo ilegítimo se mantenha, a crise deverá se aprofundar.
Presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, reforçou a defesa da democracia e afirmou que os movimentos não aceitarão mudanças na aposentadoria como idade mínima e tempo igual entre homens e mulheres para obter este benefício.

“Esse desgoverno, em um mês, causou mais transtorno para a classe trabalhadora do que nós poderíamos imaginar. Não aceitaremos nenhuma mudança na Previdência que não seja discutida no Fórum dos Trabalhadores e nem a ideia de acabar com o Ministério da Previdência e colocar no Ministério da Fazenda como se fosse um artigo econômico. O sistema de seguridade e da previdência é um patrimônio do Brasil e nisso não há nenhuma condição de negociação conosco”, disse.

Trabalhadores em manifestação na Paulista. Foto: Roberto Parizotti



Da mesma forma, a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, avaliou o aniversário de um mês do golpe. “Este é um governo de ataque aos movimentos, de criminalização e repressão inimaginável. Não reconhecemos este governo e iremos resistir nas ruas”, garantiu.

Coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, disse que é preciso ter dimensão da gravidade do momento que o Brasil está vivendo e apontou que está em curso no país um duplo ataque. “Há um golpe por existir um presidente que não foi eleito por ninguém, escolhido por um parlamento descredibilizado pela sociedade, e contra os direitos sociais. E estão querendo aplicar um programa que não seria eleito”.

Para Boulos, é inaceitável um governo golpista e que, ainda por cima, pretende aplicar um programa de retrocessos em direitos historicamente conquistados pelo povo trabalhador. “Essa manifestação de hoje não começou e não termina aqui e as mobilizações vão se intensificar a cada tentativa desse governo ilegítimo em atacar nossas conquistas”, concluiu.

 

Vagner Freitas também respondeu aos jornalistas sobre a proposta de plebiscito para convocar novas eleições: “O mais importante para os movimentos sociais aqui é impedir o golpe. Sobre este tema (eleições já) nós não temos uma posição definida ainda. E a coisa mais importante que nós construímos é essa linda unidade da esquerda para retomar a democracia. Para impedir que o golpe aconteça no país. Impedido o impeachment, posto isso, nós discutiremos medidas de mobilização popular contra o retrocesso. Discutiremos todos os temas no momento adequado”. (Texto: Luiz Carvalho /CUT)